domingo, 18 de dezembro de 2011

ONTEM LÁ É HOJE CÁ?

Há alguns anos atrás era comum falarmos dos grandes centros como São Paulo, Rio, Belo Horizonte e outros, estabelecendo uma comparação com São Simão e demais cidades pequenas.
Lá havia ( e hoje mais ainda ) assaltos a bancos, sequestros, estupros, intenso tráfico de drogas, roubo de carros, concussão, isto é, quando o sujeito usa do cargo para tirar vantagem financeira, e grandes falcatruas nos diversos poderes, juízes vendendo sentenças, superfaturamento de obras, políticos fazendo acordos espúrios, vereadores e deputados sendo denunciados pelo Ministério Público, enfim, uma gama enorme de procedimentos inaceitáveis.
Felizmente, nem tudo aqui chegou, mas assalto a banco, roubo de carro, estupros, acordos políticos espúrios, já estão se tornando rotina em nossa cidade. 
Na semana passada me dizia um deputado federal, que antes só se conseguia apoio político nas grandes cidades, através de dinheiro ou promessa de cargo na futura administração e hoje, o mesmo acontece nas pequenas cidades, ou seja, estamos ficando todos farinha do mesmo saco.
Cá em São Simão já se percebe sem nenhum pudor, conversas de alguns “políticos”, (principalmente daqueles que são pagos para fazer politicagem) fazendo propostas financeiras para obtenção de apoio  - o contribuinte é quem paga a conta depois. Não vi nem ouvi ainda, proposta de administração ou projetos em benefício de São Simão. É a luta pelo poder e só, não há proposta alguma. É o poder pelo poder.
Antes São Simão tinha uma série enorme de carências e a proposta era saná-las – e foram sanadas. Brigava-se pela melhor proposta para a cidade. Não tinha asfalto na Cava do Bosque, na  Vila Monteiro, na Vila Mogiana, no Conjunto Rubens Guedes, Imigrantes, Jardim Brasil,nem nas ruas adjacentes à capela de São Sebastião, na parte nova do bairro de Bento Quirino e também na parte velha próximo ao cemitério. Não tinha a estrada asfaltada para Serra Azul ( perdemos Serra Azul para a Comarca de Cravinhos pela falta de estrada), não havia asfalto para o Tamanduá e nem na estrada que leva ao Cruzeiro. Não tenha velórios, nem Ginásio de Esportes,nem  Piscina no Poli-esportivo. Não tinha creches, nem Centros Comunitários.
Tinha uma falta crônica de água na Vila Mogiana ,  região da Rodoviária até a Av. Dr. Marino. Foi feito o poço da rua Carolina Varanda com vazão de 200.000 litros/hora e o problema foi sanado.
Não havia indústrias em São Simão, hoje temos um belo Parque Industrial. Não tinha padaria nem vaca mecânica municipal. Não tinha pá carregadeira nem tratores. Não tinha o Jardim Brasil, não tinha o Jardim dos Imigrantes, não tinha o Conjunto Habitacional Rubens Guedes, não tinha o Conjunto Habitacional Evangelina.
Hoje o que vemos são algumas pessoas extremamente despreparadas, que vivem exclusivamente de política ou de politicagem, se auto intitulando chefes políticos, tentando os famosos acordos espúrios para a obtenção do poder.
Espero que brevemente eu possa voltar a conversar com esse deputado federal que é meu amigo pessoal e dizer:
- Ontem lá não é hoje cá! Ou seja, não somos farinha do mesmo saco.
Aproveitando esta  oportunidade  quero desejar a todos os moradores de São Simão e
leitores do Ecoss, um Natal de paz e fraternidade e um Ano Novo pleno de felicidades e grandes realizações.

SAMIR GERAIGIRE escreve para o Jornal Ecoss e publica suas opiniões em www.samir-pontodeencontro.blogspot.com

sábado, 19 de novembro de 2011

A FALTA DE CONSCIÊNCIA É UMA TRAGÉDIA

Todos os dias vemos na imprensa as mais diversas comemorações. Presidente, Governadores, Prefeitos, Deputados, Senadores, enfim todos, pulando como cabritos comemorando que a abertura da Copa será na cidade X, a final na cidade Y, que o estádio do time tal está com a construção muito lenta, se dará tempo?, se não dará?, que o estádio que estava orçado em 400 milhões de reais foi para 1 bilhão de reais – e se comemora isso-,  se o petróleo do pré-sal a ser explorado ficará com os três estados produtores ou se os royalties serão divididos com os outros estados conforme proposta dos deputados e senadores – aí os que queriam só pra si choram, fazem passeadas, dizem que não terão dinheiro , que as escolas e os hospitais irão fechar mas não cogitam, de forma nenhuma, dizer que a Copa, o Carnaval ou outras festas não serão realizadas; puro terrorismo.
Nunca vimos todos pulando como cabritos anunciando que, a exemplo da Copa, conseguiu-se resolver os problemas da Saúde; que o Brasil sendo a 7ª potência mundial também é a 7ª no IDH ( Índice de Desenvolvimento Urbano) e não a 84ª como é hoje.
Esse mesmo jornal informa que os órgãos de fiscalização do governo descobriram que só este ano foi roubado do dinheiro público 82 bilhões de reais e isso só com a fiscalização de grandes contratos.
Depois disso, o mesmo Jornal Nacional traz a notícia que uma senhora grávida de gêmeos e com ruptura de uma das bolsas prematuramente, após uma luta hercúlea conseguiu arrumar um hospital a 600 km de distância de sua casa que tinha a necessária UTI neonatal mas que, em virtude da demora no atendimento, tanto ela quanto os bebês contraíram infecção e corriam risco de morte. E isso aconteceu no sul do país, imaginem o que acontece no nordeste.
Seguindo o noticiário temos uma reportagem sobre hospitais em todos os estados sem as menores condições de atendimento com equipamento de Raios-X quebrados, sem UTI, sem leitos suficientes, todos sujos, com pessoas sofrendo em macas pelos corredores imundos, com falta de remédios, com aparelhos de Tomografia e outros mais encaixotados há vários anos, enferrujados e amontoados.
Enfim, vem à minha mente o historiador romano Juvenal que registrou que para o povo pastava pão e circo.
Recuso-me a aceitar que hoje essa máxima ainda persista mas ouço-a todos os dias na rua porém, acho que é por pura revolta e com razão; há muita consciência mas só isso não basta, é preciso reagir pois, caso contrário o que sobrará será a falta de consciência, o que é uma tragédia.                                               
   SAMIR GERAIGIRE ( Leia esse  e outros artigos em WWW.samir-pontodeencontro.blogspot.com )

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PRAÇA ARTUR PIRES

Era assim que se chamava a Praça da República.
Todos os dias, logo ao anoitecer, descia pela rua Conselheiro Antonio Prado, com seu limpíssimo carrinho de pipoca, avental e quepe brancos o Sr. Miguel Tamborim, o pipoqueiro da cidade.
Colocava seu carrinho no canto da praça e as crianças faziam fila esperando a primeira remessa ficar pronta.
Então, exatamente às 19 horas, começava o serviço de alto-falante, a M3, referência a Mielli, Montiane e Marani, serviço esse que era exercido pelo saudoso Pedro Tofoli, o Seu Pierim.
Além de música, oferecia ainda comunicações oficiais e fazia o serviço de correio elegante, através do qual os jovens dedicavam músicas às suas paqueras, parabéns pelo aniversário, etc.
No passeio da praça os homens andavam no sentido horário e as mulheres no anti-horário. Como naquela época todas as noites após o jantar as pessoas saiam de suas casas a praça ficava lotada, principalmente nos fins de semana.
Era a praça Artur Pires.
E por falar nisso, você sabe quem foi Artur Pires? E Francisco Pereira Vianna Sobrinho, Benedito Mielli e Chafi Jorge? Não? Então pesquise, vale a pena.
Samir Geraigire

sábado, 5 de novembro de 2011

NOSSOS FILHOS

Há alguns dias atrás fui procurado por um pai que me disse:
-Tenho um excelente filho já casado e do qual já tenho netos mas, que não  consegue fazer nada sozinho. Acho que errei na educação dele. Sempre o obriguei a  fazer tudo de acordo com minhas idéias e assim evitei que aprendesse a tomar iniciativas de acordo com suas próprias convicções. Sempre evitei ( acho eu )  que ele cometesse erros, e hoje vejo que deveria tê-lo  deixado ir errando desde pequeno, pois só assim se aprende. Também descobri agora, que o maior erro foi o meu com relação a ele. O que fazer?”
De minha parte, como não sou psicólogo, o que sei apenas é o que a vida me ensinou. Conversamos e eu disse a ele que deveria ler o livro “ O Profeta” de Gibran Kahlil Gibran, maior expoente da literatura árabe, que viveu de 1883 a 1931, e aproveito este espaço para transcrever parte desse livro, mais precisamente sobre o que ele fala sobre os filhos, pois acho que todos os pais, principalmente os novos, devem levar ao pé da letra o que preconiza Gibran.
“Vossos filhos não são vossos filhos.           
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.           
Vêm através de vós, mas não de vós.           
E embora vivam convosco, não vos pertencem.           
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,           
Porque eles têm seus próprios pensamentos.           
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;           
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,           
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.           
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,           
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.           
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.           
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força          
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.           
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:           
Pois assim como ele ama a flecha que voa,           
Ama também o arco que permanece estável.”

Espero estar assim colaborando para que possamos educar melhor nossos filhos.

                                                                                        SAMIR GERAIGIRE 

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

SÃO SIMÃO TERRA QUERIDA POR TODOS NÓS

Hoje nossa querida terra completa 187 anos. São 187 anos de uma das mais ricas histórias dos municípios brasileiros. Sempre teve participação em todos os grandes eventos de nossa Pátria.
São Simão,  terra dos homens que fizeram o primeiro movimento para a proclamação da República. Terra de desbravadores que no século XVII a transformaram numa das maiores produtoras de café do mundo. Terra que viu muito de seus filhos serem notáveis. Terra que no começo do século XX tinha um número expressivo da população poliglota, principalmente na língua francesa. Terra dos Barões do Café que   mandavam seus filhos estudarem na Europa. Terra de artistas, de grandes economistas, terra de Marcelo Grassmann, de Leopoldo Lima, Miguel Nayme, e de tantos outros extraordinários homens e mulheres.
Terra dos filhos de italianos, espanhóis, portugueses, árabes, alemães, terra de todos nós sempre com os braços abertos para receber todo imigrante. Terra que muitos, ao visitá-la, apaixonaram-se por ela e aqui fixaram residência, casaram, criaram família. Terra que por pequena exportou seus filhos para outras plagas mas que,quando estão para se aposentar, já sonham com o retorno à terra amada.
Terra que às vezes é maltratada por seus filhos que não cuidam dela com carinho e apreço. Terra que a todos perdoa, daí a sua grandeza. Terra que é uma pequena cidade mas para todos nós,  é a maior do mundo.
 Terra rica de tradições, terra maior do que todos nós.
Parabéns querida terra minha pelos seus 187 anos.

  SAMIR GERAIGIRE

terça-feira, 25 de outubro de 2011

OBAMA - UM FIASCO

Barak Obama, presidente da mais forte nação do mundo sob todos os aspectos, está demonstrando com suas posições total despreparo, tanto nas coisas domésticas como nos problemas internacionais no qual os EEUU sempre tiveram papel preponderante.
Internamente não cumpriu uma só de suas promessas de campanha, por exemplo, o fechamento da prisão de Guantánamo a qual, por ser fora do território norte americano, nenhuma lei é cumprida e é cometida a tortura permanente dos que lá estão.
Externamente, nos relacionamentos internacionais, tem dito e desdito de forma permanente suas atuações, não acreditando em suas próprias convicções e se mostrando hipócrita.
Disse que a construção de assentamentos no território palestino era um entrave a paz entre árabes e judeus e que as fronteiras de Israel deveriam voltar às suas origens, isto é, como era em 1967.
Disse que será a favor da criação do Estado Palestino. Semanas depois, após ser chamado à atenção pelo premier judeu no Congresso americano, voltou atrás e disse que vetará no Conselho de Segurança da ONU a criação do Estado Palestino.
Líderes tiranos do oriente médio, como o monarca de Bahrain,são chamados de amigos em seus discursos na ONU. Para o Iêmen, pediu diálogo na transição. Na Síria, pediu sansões e a queda do Presidente Assad. Na Líbia, patrocinou intervenção militar provocando uma guerra civil que culminou com a eliminação de Kadafi e toda sua família. A Arábia Saudita, a mais absolutista monarquia do Oriente Médio, é por ele preservada e defendida.
Obama, por conseguinte, é um hipócrita que tem conseguido desagradar a gregos e troianos.
Tivesse Obama no poder feito o que disse na campanha eleitoral, se não fosse mentiroso e hipócrita, já haveria paz no Oriente Médio, onde hoje a grande vítima é a população civil.

                                                        SAMIR GERIAIGIRE

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A COMPOSIÇÃO DOS HOMENS

Basicamente, dizem que o corpo humano é composto de oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, enxofre, potássio, cloro, sódio, magnésio, ferro e mais trinta e cinco itens, mas alguns são, em sua essência, seguramente,  compostos de soberba, egoísmo, inveja, ingratidão, mentira, falsidade, perfídia, maldade e falta de caráter. Graças a Deus esses são a minoria pois a grande maioria é composta de amor, solidariedade, verdade e  possui caráter ilibado. São os puros que lutam permanentemente  buscando, através de seu exemplo, um mundo melhor.
Existe uma máxima da sabedoria oriental que diz: “Se o homem soubesse da desvantagem de ser desonesto, ele seria honesto por desonestidade.” Porém, infelizmente, essa máxima não é muito seguida.
Existe uma outra que diz: “Quem não tem um velho em casa, compre um...” Esta também não é muito seguida.
Acredito, sem medo de errar, que se essas máximas fossem seguidas nós erraríamos muito menos.
Quantas vezes uma simples palavra constantemente repetida transforma-se numa calúnia com nefastas conseqüências?
Conta uma lenda que perante um rei, no deserto, apresentaram-se duas mulheres envolvidas numa queixa de calúnia. O rei deu como parte da pena à caluniadora, a tarefa de escrever o nome da caluniada em um pedaço de papel. Feito isso, a caluniadora deveria rasgar esse papel em cem pedaços e sair andado pelo deserto soltando um a um os pedaços rasgados. Cumprida sua tarefa, ela voltou e o rei, completou a pena mandando que ela voltasse ao deserto, recolhesse cada um dos cem pedaços de papel e recompusesse o nome da caluniada. Ela então respondeu ao rei que isso era impossível, uma vez que os pedaços de papel tinham se espalhado, e não seria possível resgatá-los. Então o rei retrucou: “Exato. Assim como esses pedaços de papel não podem ser recompostos,  também a moral da pessoa caluniada jamais voltará a ser como era antes da calúnia”, e aplicou-lhe uma severa pena.
No Oriente, uma das penas mais severas que existe é em virtude da calúnia, tamanho prejuízo que causa às pessoas. Mas, sempre, no frigir dos ovos, a vida cobra um preço muito maior ao caluniador, pois ele é que é o sem-caráter e sempre será visto assim. A verdade demora, mas sempre aparece.
SAMIR GERAIGIRE

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

AQUELAS LINDAS VELHAS MÃOS


A beleza da juventude tremendamente linda e maravilhosa é eterna enquanto dura, lamentavelmente.
Quantas belezas perdidas pelos caminhos da vida, quanta alegria estampada no rosto juvenil, dentes perfeitos e branquíssimos, quantas gargalhadas maravilhosas, sem tosse.
Quantas mãos maravilhosas, de pele sedosa, sem uma mancha sequer.
Quantas penteadeiras com perfumes sem uma caixa de remédio sequer.
Quantas ilusões vividas e revividas como se o tempo fosse eterno.
Quantos sonhos sonhados e quantos vividos.
Quanta beleza estampada na primavera da vida.
Como é lindo o começo da vida, como é triste o outono dela.
Saber administrar e viver o início do fim da vida é de extrema sabedoria.
Da altura dos anos, fecha-se a conta, faz-se o balanço de vida, verifica-se os erros e os acertos. E, na soma final, haverá ou não a expressão: valeu a pena, Vivi!

SAMIR GERAIGIRE


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

POR QUÊ SERÁ?

A história de São Simão mostra que sofremos surtos de desenvolvimento e, de repente, também de decadência.
Imagine como era a cidade quando estavam construindo uma estrada de ferro municipal, plantando café, construindo teatro ( na região só São Simão tinha um teatro), construindo armazéns de café, construindo pontes, etc. etc.  Mais recentemente, tínhamos aqui usina de açúcar, tecelagem ( onde hoje é o Supermercado Gricki), fábrica de sacos para açúcar, fábrica de copinhos para sorvete, fábrica de macarrão, engarrafadora de vinho, máquinas para beneficiar arroz, café, fábrica de palha para cigarro, fábrica de doces de goiaba, engenho de pinga, cuja pinga “Capelinha” era um sucesso regional, fábrica de meias, oficinas da Estrada de Ferro São Paulo e Minas com terminal ferroviário no bairro de Bento Quirino e outras mais. De repente, tudo foi acabando, retornamos à estaca zero. Casas fechadas, famílias indo embora, enfim, outro ciclo de decadente.
De repente, retorna-se ao progresso. Constrói-se o Parque Industrial, instalam-se indústrias, constroem-se conjuntos habitacionais, emenda-se o Centro ao bairro de Bento Quirino, integra-se todo o perímetro urbano, constrói-se uma enorme gama de equipamentos públicos tais como o Centro Poli-esportivo e de Lazer, o Ginásio de Esportes, Postos de Saúde com dentistas, creches, velórios, centros comunitários,  pavimentam-se todas as ruas, normaliza-se o abastecimento de água em toda a cidade, constroem-se praças, áreas de lazer, desfavela-se o município, enfim, voltamos a crescer, e tudo isso numa época de crise, com inflação a 30% ao mês e a cidade sem recursos (era Sarney, Collor, etc.).
E agora no censo de 2010, São Simão aparece com 876 casas vazias – quase um quarto do número de residências do município, e os nossos jovens indo embora... Isso é aterrador...
Por que será???
Leia este e outros artigos de SAMIR GERAIGIRE em:
 www.samir-pontodeencontro.blogspot.com

sábado, 17 de setembro de 2011

O CLUBE RECREATIVO

Trinta dias antes do Carnaval, reuníamos um grupo de jovens e, toda as noites, íamos ao Clube para preparar o salão.
O teto era todo decorado com serpentinas das mais variadas cores, cobrindo-o totalmente. Em seguinte, com centenas, talvez milhares de bexigas multicoloridas, completava-se o enfeite do teto.
Eram 30 maravilhosos dias, pois além do alegre trabalho, tornava-se o pretexto para os jovens, quase todos, ficarem com suas namoradas todos os dias à noite ( naquele época os pais só deixavam namorar nos fins de semana).
As lojas da cidade  eram também decoradas com motivos carnavalescos e expunham, nas vitrines, fantasias de Pierrô, Colombina, confetes, serpentinas e um grande número de lança perfume Rodouro, em latas, que eram por todos usadas nos beiles, deixando o salão perfumado e, alguns foliões, um pouco mais entusiasmados.
As bandas eram formadas por músicos extremamente competentes, geralmente compostas por mais de quinze músicos e dois ou três vocalistas. Elas só tocavam marchinhas e alguns sambas famosos.
O início dos quatro dias de Carnaval era precedido por um dia do então chamado Grito Carnavalesco. O salão ficava completamente lotado, com todas as mesas ocupadas – eram 45 – e sempre iniciava com a banda tocando a música “Viva o Zé Pereira”. No último dia, exatamente às 4 horas da manhã, o baile era encerrado com a mesma música.
Na ressaca da quarta-feira havia um grupo que preparava um jantar para então, na quinta feira, encerrar o Carnaval. Mas, no sábado seguinte, iniciava-se novamente a programação festiva do Clube Recreativo.
Assim era, mais ou menos, o Clube Recreativo.
É importante lembrar que o atual Recreasta é resultado da fusão do Recreativo com a Asta ( Associação Simomense de Tiro ao Alvo )
A Asta era um belíssimo clube com área de laser, piscinas, campo de futebol, bar, e os estandes de tiro ao alvo, na época, eram  considerados como uns dos melhores do interior de São Paulo; São Simão ocupava os terceiro lugar no  ranking  do Estado.
No tiro de carabina destacavam-se Jacomo Copello, Hildo Benedito Machado e Duvaldo Grassmann e,  no revolver, Amadeu Geraigire.

SAMIR GERAIGIRE

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

SE EU SOUBESSE NAQUELE DIA QUE SEI AGORA!



           Quantas vezes na vida agimos baseados em falsas informações principalmente dadas por aqueles que nos cercam.
           Quantas vezes, equivocadamente, julgamos mal uma pessoa.
           Quantas vezes erramos com nossos filhos, parentes e amigos.
           Quantas vezes damos valor àquilo que não tem valor e não damos valor àquilo que tem.
           Quantas vezes julgamos uma pessoa pelo carro que tem e não por sua falta de caráter.
           Quantas vezes desprestigiamos uma pessoa excepcional e de caráter, mas que não tem carro.
           Quantas vezes defendemos um ponto de vista na esquina e, momentos depois, procedemos de forma contrária.
           Quantas vezes criticamos tudo e todos, mas procedemos de forma igual.
Quantas vezes reclamamos de coisas de nossa vida mas,  se refletirmos apenas alguns segundo, daríamos graças a Deus pelo que somos e temos.
Quantas vezes sabemos o que é certo e fazemos o errado.
Quantas vezes, ao invés de nos preocuparmos com nossas vidas, ficamos preocupados com a vida dos outros.
Quantas vezes ganhamos dinheiro em São Simão e vamos gastá-lo em outra cidade.
Quantas vezes queremos ser mais e melhor do que nossos vizinhos.
Quantas vezes gastamos nosso tempo em coisas sem sentido.
Quantas vezes deixamos de fazer coisas importantes.
Quantas vezes nos preocupamos com nossas roupas e não nos preocupamos com nossa saúde.
Quantas vezes dissemos que acreditamos em Deus mas não seguimos nenhum de seus mandamentos.
Quantas vezes criticamos aqueles que seguem os mandamentos de Deus.
Quantas vezes bajulamos os poderosos e nem damos atenção aos pobres.
Quantas vezes falamos que temos a solução para todos os problemas do mundo e não resolvemos os nossos próprios problemas.
Quantas vezes, no íntimo, vemos a falsidade e mesmo sabendo somos solidários com ela.
Quantas vezes somos injustos,  nos arrependemos, mas não temos a grandeza de nos desculpar.
Afinal, quantas vezes seriam necessárias para o ser humano aprender a viver.
Alguns sabem, outros não, mas acho que se tivéssemos duas vidas, a primeira para aprender e a segunda para saber viver, aí não haveria a frase do poeta: “Se eu soubesse naquele dia o que sei agora...”

                                                                        Samir Geraigire

terça-feira, 23 de agosto de 2011

83 ANOS

       Em 1913, aos 20 anos de idade, chegava ao Brasil vindo das montanhas do Líbano, da cidade de Basquinta onde tinha nascido em 29 de novembro de 1893, o libanês Miguel Nayme com sua esposa Da. Alice Kalaf Nayme e sua primogênita Izabel Nayme.
       A imigração libanesa deu-se após visita feita ao Líbano por D. Pedro II, em novembro de 1876, já com 51 anos de idade. As viagens, naquela época, eram realizadas em veículos movidos a tração animal e ocorriam muito lentamente. Assim, sua comitiva composta por 200 pessoas, pode observar detalhadamente o Líbano e seu povo. Impressionado com o povo e a cultura do local, D. Pedro II convidou os libaneses- cuja têmpera é retratada como o cerne do cedro do Líbano- para imigrarem ao Brasil o que rapidamente aconteceu e então, nós começamos a recebê-los.
       Aqui chegando, Miguel Nayme não fugiu à regra e como descendente dos fenícios, os famosos comerciantes da antiguidade, montou uma loja. Mas, carregava consigo de forma latente, a experiência de um povo com 7.000 anos de história, famoso pela matemática, medicina, astronomia e, principalmente pelo valor da educação.
       Em 1º de março de 1928, fundou em São Simão o Instituto Comercial de São Simão que, em 1931 formou a primeira turma;  eram os 10 primeiros “contadores”: Izabel Nayme, Luiz Augusto Vieira, Cristino Neves, Nino Maestri, João Munir Nayme,  Romeu B. Crena, Otavio Cruz, Benedito Grassmann, Simão Inácio de Carvalho, Amadeu Balducci.
       Há algum tempo atrás, dizia-se com razão, que na nossa região São Simão detinha o título da cidade com o melhor nível cultural, e era verdade. A atual EE Capitão Vírgilio Garcia era considerada o segundo melhor Ginásio do estado de São Paulo e, o Instituto Comercial de São Simão, também era considerado o segundo melhor do estado. Perdíamos apenas para a Faculdade Álvares Penteado de São Paulo, muito mais pela grandeza física do que pelo saber, pois nesse quesito nada deixávamos em haver.
       Desse instituto, que hoje está transformado em Centro Educacional Miguel Nayme, e abriga cursos de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Graduação em Pedagogia e Pós-graduação em Educação,Judô e Ballet,  passaram mais de 3.000 alunos. Vinham estudar em São Simão, alunos  de toda a região. Éramos a referência educacional da região de Ribeirão Preto.
       Assim, o inestimável serviço prestado por esse libanês em nosso município é impagável, pois graças a ele, um expressivo número de pessoas conseguiu subir na vida. Muitos se tornaram diretores de bancos, gerentes, comerciantes, profissionais liberais e mais uma infinidade de outras profissões que transformaram suas vidas para melhor.
       Hoje vemos com imensa satisfação, a continuidade dessa magnífica obra sendo levada adiante pelo seu neto Marcos Nayme.
Miguel Nayme teve ainda, em São Simão, outros nove filhos: Munir, Fuad, Jorge, Victória ( Dona Zuza), Adma, Nemer, Olinda, Carlos e Emílio.
Miguel Nayme foi um daqueles poucos homens que não apenas passou pela vida, mas a fez e deixou perpetuado seu trabalho, que sempre deverá ser citado para servir como exemplo para todos nós.
Parabéns ao Centro Educacional Miguel Nayme pelos seus 83 anos.
   Samir Geraigire
                                                                                                                                                                                                                                         


AFINAL, ONDE É SÃO SIMÃO?

Um fato ocorrido há alguns dias atrás me fez lembrar que no fim da década de 70 eu, como Presidente da Câmara Municipal, Oswaldo Rodrigues como Vice-prefeito e o Padre Plínio Toldo, como Prefeito de São Simão, fizemos um esforço enorme para conseguir integrar nossa querida terra, nossa cidade, numa só comunidade.
Naquela época havia uma grande rivalidade entre os bairros de Bento Quirino e o Centro. Muitas são as teorias sobre os motivos que criaram  essa rivalidade ou incompatibilidade , mas que agora não vem ao caso ( cada um tem sua própria teoria).
Participaram desse trabalho muitas pessoas tanto de cá como de lá e, por medo de esquecer alguns, não citarei nomes. Mas, um fato sou obrigado a citar, já na década de 80, então como Prefeito de São Simão, promovi um encontro entre as duas comunidades e acho que aí então solidificamos nossa proposta de união.   O objetivo era fazer um trabalho conjunto para arrecadar fundos para a Santa Casa e a minha esposa Rosana, como presidente do Fundo Social de Solidariedade com a ajuda do nosso saudoso e querido amigo Wilsinho Bordignon (que sempre nos ajudou aqui e em São Paulo, por puro amor à terra) criaram  o lema  “Por uma Santa Causa”.
Na época a Provedoria da Santa Casa era exercida, com grande competência, por Tuffi Antonio Jorge.
Promovemos uma passeata cujo encontro final entre lá e cá, se não me falha a memória, foi na Praça da República.
Do bairro de Bento Quirino vinha no comando e à frente dela, o meu amigo Dr. José Querido. Foi um congraçamento espetacular, a união foi perfeita e o resultado excepcional. Foi um dos dias mais emocionantes que tive como Prefeito.
Mas, vamos ao fato que me fez lembrar tudo isso. Estava mostrando São Simão para um parente que me visitava, quando parei numa rua do Jardim das Américas, mais precisamente, em frente à mercearia do Tamborim e desci para comprar pão. Meu parente ficou na calçada, perto de um grupo de senhoras e ouviu o seguinte diálogo:
- Fulana, eu vou pra Ribeirão Preto hoje no ônibus das 13 horas, você não quer vir comigo?
Ao que a outra respondeu:
 - Não posso, tenho que ir para São Simão.
Ao voltar para o carro, meu parente disse-me:
- Você me disse que aqui era São Simão.
 Eu prontamente respondi:- Claro que aqui é São Simão.
Ele então, rindo, disse-me:
- Você está me mostrando outra cidade e falando que é São Simão.
 E aí, contou-me o que tinha ouvido, ou seja, alguém do Jardim das Américas dizendo que viria para São Simão. Seria como alguém que morasse no bairro do Ipiranga em Ribeirão Preto e dissesse para o vizinho que tinha que ir, à tarde, para Ribeirão Preto.
Ele achou fantástico e eu não soube explicar o porquê das pessoas dizerem assim, como se morassem em outra cidade.
Então,  acho que já está passando da hora de fortalecer nossa cidade para evitar que esse tipo de colocação progrida dividindo cada vez mais nossa comunidade. É preciso que todos estejam de mãos dadas, com um só objetivo – UNIÃO- pois sem ele vamos perdendo nossa identidade que é muito importante.
Assim, apresento um início de atitude que pode ajudar. Primeiro: onde começa e onde termina a zona urbana da nossa cidade? Obviamente começa na rotatória que divide Jardim Brasil, Jardim das Américas, Bento Quirino e Distrito Industrial  e termina, no fim da rua Garcia Duarte, na saída para Santa Rosa de Viterbo. Essa é uma pequena lembrança que faço a todos os simonenses mas, não podemos esquecer, que é a soma das pequenas coisas que fazem a grande diferença.
Portanto, que tal se tirarmos a estátua de São Simão e as palavras SÃO SIMÃO da rotatória que encontra-se no final da Av. Dr. Marino e colocá-la no seu lugar de direito, ou seja, no início do perímetro urbano que é na primeira rotatória que está na SP 253, na Av. Nicarágua?
Afinal, onde fica São Simão?
Em tempo: a rivalidade já não existe mais.
                                                                                                Samir Geraigire.




           
          

ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL

                     
           Há algum tempo atrás tínhamos em São Simão um programa educacional municipal chamado Recriança que atendia a aproximadamente 400 crianças.
           Elas entravam às 7 horas e saíam às 17 horas.
           Esse programa existia porque tínhamos um convênio, renovado anualmente, com o Ministério da Previdência Social em Brasília. A época era de escassez de recursos e o município não tinha condições de bancá-lo. Se não houvesse esse convênio, o programa acabaria. Renová-lo dava um enorme trabalho com a composição de documentos, relatórios e um sem fim de exigências, mas ele era renovado todos os anos.          
           Infelizmente o Recriança não existe mais, assim como não existe mais a Banda Municipal Ovídio Cicciarelli que começamos junto com a Banda de Santa Rosa de Viterbo cidade onde, atualmente, existem quatro bandas, oito conjuntos instrumentais e duas bandas marciais, atendendo a 300 jovens que estão aprimorando sua cultura e saber.
O programa era tão importante e interessante que o representante de Santa Rosa do Viterbo, nossa vizinha esteve aqui, quando da implantação do Recriança em São Simão, para conhecer o funcionamento e implantá-lo naquela cidade. Em Santa Rosa o programa existe até hoje e atende, atualmente, 1.500 crianças.
           Isso era o que atualmente se chama de Escola de Tempo Integral mas, em versão melhorada. Digo isso porque no Recriança, a criança chegava cedo, tomava um substancial café da manhã e iniciava suas atividades – educação com escola regular, saúde completa com médico, dentista, oftalmologista, otorrinolaringologista, esportes, cultura e lazer; enfim atendimento completo para seu desenvolvimento físico, social e intelectual. As crianças almoçavam, lanchavam e após jantarem, iam para suas casas.
           Não existia um local totalmente adequado para o desenvolvimento do projeto mas aproveitávamos o que tínhamos – usávamos o prédio do Cerim, o Bosque Municipal, o Poliesportivo, o Ginásio de Esportes, enfim, todo o equipamento público à disposição para o que se fazia necessário.
           Os tempos mudaram e com ele as demandas.
           No mundo globalizado de hoje as transformações são muito rápidas - chegamos a perceber mudanças profundas no transcorrer de um semestre- e nós temos que ir adaptando nossas atividades para que a população esteja preparada para enfrentá-las.  É bem verdade que as facilidades também cresceram muito graças à tecnologia mas, se pensarmos com a mente voltada para o futuro, será preciso ter local adequado e completo para termos um Recriança renovado ou, como querem hoje, uma Escola de Tempo Integral. Gostaria de lembrar, após essas considerações, que dentro desse contexto o que mudou foi apenas o nome: antes Recriança e agora Escola de Tempo Integral.
           Local adequado com todos os equipamentos indispensáveis para a implantação desse projeto é, sem dúvida, a maior necessidade, necessidade essa que poderia ser resolvida com a aplicação de recursos do FUNDEB, que na época do Recriança não existia, e que hoje repassa o valor aproximado de R$ 3.600,00 por criança, por ano. Essa verba seria suficiente para que o município, paulatinamente, transformasse todo o Ensino Fundamental do município em Escola de Tempo Integral, antecipando o objetivo do Governo Federal que prevê essa transformação até o ano 2020.
           Para enriquecer a grade curricular, seria possível incluir aulas de inglês e espanhol, lembrando que para crianças aprender outro idioma é muito fácil. Com isso, em pouco tempo, teríamos um grande número de poliglotas em São Simão e as oportunidades se ampliariam para nossos jovens.
           Além desses benefícios às crianças, os pais também seriam contemplados com o retorno do Recriança ,pois as crianças estariam seguras, com atenção total ao seu desenvolvimento e eles, os pais, com autonomia para trabalhar e aumentar a renda familiar, melhorando as condições de vida pra a família.
           Enfim, para se alcançar um objetivo é preciso que o tenhamos. O futuro aí está e é necessário que se olhe firme para o horizonte, para nossa terra. É preciso fazer história mas de preferência antes que outros a façam e nós tenhamos que continuar a ser sempre os últimos, o que nos coloca em posição de inferioridade.
           Acredito que, parafraseando Geraldo Vandré... “quem sabe faz à hora, não espera acontecer.” É preciso lutar e é urgente começar
                         SAMIR GERAIGIRE





                                                                     

AS DEBUTANTES



AS DEBUTANTES

Clube Recreativo ( hoje não existe mais ) promovia uma vez por ano o Baile das Debutantes. Era a apresentação formal, à sociedade, das lindas meninas para seu primeiro baile. Elas tinham em torno de 16 anos.
           Já com alguns meses de antecedência, a cidade ficava na expectativa – quem seriam elas, como seriam seus vestidos, como seria o baile, com qual orquestra, qual a costureira estaria fazendo o vestido de quem?
           A confecção dos vestidos era uma obra de arte a cargo de oficinas de costura comandadas por  Isaura Pereira, que costurava para noivas e debutantes; Zilda Pereira Portugal, costureira e bordadeira, Filhinha Carlomagno, costureira; Alcides Carlomagno, bordadeira e Arlinda Pereira Carlomagno, costureira.  Essas três últimas trabalhavam juntas. Os vestidos eram sempre muito lindos e com caimento perfeito.
           Enfim chegava o grande dia. Os rapazes vestiam seus melhores ternos, perfumavam-se com esmero e penteavam seus cabelos de acordo com a moda. Os sapatos eram  engraxados com capricho. E lá iam todos.
           O Clube decorado, iluminado e totalmente lotado. As moças vinham acompanhadas pelos pais e irmãos. Todas tinham mesas reservadas e o baile começava.
           Por volta da meia noite as debutantes eram apresentadas à sociedade, uma a uma, sempre por um artista famoso da televisão. Geralmente a primeira valsa era dançada com os pais e nós, jovens mortais, ficávamos olhando para depois cada um, descompromissado, ir até as mesas e pedir licença para os pais para tirar a menina para dançar. Vi muitos namoros iniciados nesses bailes de debutantes transformarem-se em casamentos.
           O baile tinha um belo bar que era tocado pelo Augustinho Limberti que preparava um sanduiche de pão de forma sem casca com presunto e queijo que é inesquecível. Naquela época dificilmente bebia-se cerveja. Dava-se preferência por Cuba-libre, Gin Tônica, Whiskie ou Martini.
           As debutantes vestiam-se de branco e o salão ficava totalmente colorido. Certamente muitas famílias possuem fotos daqueles bailes. Quem as possui devem enviá-las ao jornal para perpetuar essa memória. São fotos que atualmente não existem mais,mas que fazem parte de nossa história, principalmente, da história de vida de muita gente.
           Dizem que recordar é viver mas, mais do que isso, é mostrar o que fomos e como era nossa vida porque, sem passado não há presente e muito menos projeção para o futuro. É com a soma de tudo o que fazemos ou vivemos que vamos criando nossa cultura. Sempre seremos fruto daquilo que foi vivido no passado.  Um bom passado é um feliz presente e sem medo do futuro.
           E por falar em passado, há dias atrás tive a grata e emocionante satisfação de receber de meu querido amigo e professor Manoel Pacheco Jr., que atualmente reside em Campo Grande, o livro de sua autoria denominado Moleque.
           A leitura provocou em mim momentos saudosos e grandes gargalhadas, pois também tive um Chico Mandioca como vizinho, entre outras coisas iguais.
           Na verdade, só um gênio como meu professor seria capaz de fazer, nos seus 80 anos de vida, revolver dentro de si o menino Mané.
  SAMIR GERAIGIRE