terça-feira, 23 de agosto de 2011

83 ANOS

       Em 1913, aos 20 anos de idade, chegava ao Brasil vindo das montanhas do Líbano, da cidade de Basquinta onde tinha nascido em 29 de novembro de 1893, o libanês Miguel Nayme com sua esposa Da. Alice Kalaf Nayme e sua primogênita Izabel Nayme.
       A imigração libanesa deu-se após visita feita ao Líbano por D. Pedro II, em novembro de 1876, já com 51 anos de idade. As viagens, naquela época, eram realizadas em veículos movidos a tração animal e ocorriam muito lentamente. Assim, sua comitiva composta por 200 pessoas, pode observar detalhadamente o Líbano e seu povo. Impressionado com o povo e a cultura do local, D. Pedro II convidou os libaneses- cuja têmpera é retratada como o cerne do cedro do Líbano- para imigrarem ao Brasil o que rapidamente aconteceu e então, nós começamos a recebê-los.
       Aqui chegando, Miguel Nayme não fugiu à regra e como descendente dos fenícios, os famosos comerciantes da antiguidade, montou uma loja. Mas, carregava consigo de forma latente, a experiência de um povo com 7.000 anos de história, famoso pela matemática, medicina, astronomia e, principalmente pelo valor da educação.
       Em 1º de março de 1928, fundou em São Simão o Instituto Comercial de São Simão que, em 1931 formou a primeira turma;  eram os 10 primeiros “contadores”: Izabel Nayme, Luiz Augusto Vieira, Cristino Neves, Nino Maestri, João Munir Nayme,  Romeu B. Crena, Otavio Cruz, Benedito Grassmann, Simão Inácio de Carvalho, Amadeu Balducci.
       Há algum tempo atrás, dizia-se com razão, que na nossa região São Simão detinha o título da cidade com o melhor nível cultural, e era verdade. A atual EE Capitão Vírgilio Garcia era considerada o segundo melhor Ginásio do estado de São Paulo e, o Instituto Comercial de São Simão, também era considerado o segundo melhor do estado. Perdíamos apenas para a Faculdade Álvares Penteado de São Paulo, muito mais pela grandeza física do que pelo saber, pois nesse quesito nada deixávamos em haver.
       Desse instituto, que hoje está transformado em Centro Educacional Miguel Nayme, e abriga cursos de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Graduação em Pedagogia e Pós-graduação em Educação,Judô e Ballet,  passaram mais de 3.000 alunos. Vinham estudar em São Simão, alunos  de toda a região. Éramos a referência educacional da região de Ribeirão Preto.
       Assim, o inestimável serviço prestado por esse libanês em nosso município é impagável, pois graças a ele, um expressivo número de pessoas conseguiu subir na vida. Muitos se tornaram diretores de bancos, gerentes, comerciantes, profissionais liberais e mais uma infinidade de outras profissões que transformaram suas vidas para melhor.
       Hoje vemos com imensa satisfação, a continuidade dessa magnífica obra sendo levada adiante pelo seu neto Marcos Nayme.
Miguel Nayme teve ainda, em São Simão, outros nove filhos: Munir, Fuad, Jorge, Victória ( Dona Zuza), Adma, Nemer, Olinda, Carlos e Emílio.
Miguel Nayme foi um daqueles poucos homens que não apenas passou pela vida, mas a fez e deixou perpetuado seu trabalho, que sempre deverá ser citado para servir como exemplo para todos nós.
Parabéns ao Centro Educacional Miguel Nayme pelos seus 83 anos.
   Samir Geraigire
                                                                                                                                                                                                                                         


AFINAL, ONDE É SÃO SIMÃO?

Um fato ocorrido há alguns dias atrás me fez lembrar que no fim da década de 70 eu, como Presidente da Câmara Municipal, Oswaldo Rodrigues como Vice-prefeito e o Padre Plínio Toldo, como Prefeito de São Simão, fizemos um esforço enorme para conseguir integrar nossa querida terra, nossa cidade, numa só comunidade.
Naquela época havia uma grande rivalidade entre os bairros de Bento Quirino e o Centro. Muitas são as teorias sobre os motivos que criaram  essa rivalidade ou incompatibilidade , mas que agora não vem ao caso ( cada um tem sua própria teoria).
Participaram desse trabalho muitas pessoas tanto de cá como de lá e, por medo de esquecer alguns, não citarei nomes. Mas, um fato sou obrigado a citar, já na década de 80, então como Prefeito de São Simão, promovi um encontro entre as duas comunidades e acho que aí então solidificamos nossa proposta de união.   O objetivo era fazer um trabalho conjunto para arrecadar fundos para a Santa Casa e a minha esposa Rosana, como presidente do Fundo Social de Solidariedade com a ajuda do nosso saudoso e querido amigo Wilsinho Bordignon (que sempre nos ajudou aqui e em São Paulo, por puro amor à terra) criaram  o lema  “Por uma Santa Causa”.
Na época a Provedoria da Santa Casa era exercida, com grande competência, por Tuffi Antonio Jorge.
Promovemos uma passeata cujo encontro final entre lá e cá, se não me falha a memória, foi na Praça da República.
Do bairro de Bento Quirino vinha no comando e à frente dela, o meu amigo Dr. José Querido. Foi um congraçamento espetacular, a união foi perfeita e o resultado excepcional. Foi um dos dias mais emocionantes que tive como Prefeito.
Mas, vamos ao fato que me fez lembrar tudo isso. Estava mostrando São Simão para um parente que me visitava, quando parei numa rua do Jardim das Américas, mais precisamente, em frente à mercearia do Tamborim e desci para comprar pão. Meu parente ficou na calçada, perto de um grupo de senhoras e ouviu o seguinte diálogo:
- Fulana, eu vou pra Ribeirão Preto hoje no ônibus das 13 horas, você não quer vir comigo?
Ao que a outra respondeu:
 - Não posso, tenho que ir para São Simão.
Ao voltar para o carro, meu parente disse-me:
- Você me disse que aqui era São Simão.
 Eu prontamente respondi:- Claro que aqui é São Simão.
Ele então, rindo, disse-me:
- Você está me mostrando outra cidade e falando que é São Simão.
 E aí, contou-me o que tinha ouvido, ou seja, alguém do Jardim das Américas dizendo que viria para São Simão. Seria como alguém que morasse no bairro do Ipiranga em Ribeirão Preto e dissesse para o vizinho que tinha que ir, à tarde, para Ribeirão Preto.
Ele achou fantástico e eu não soube explicar o porquê das pessoas dizerem assim, como se morassem em outra cidade.
Então,  acho que já está passando da hora de fortalecer nossa cidade para evitar que esse tipo de colocação progrida dividindo cada vez mais nossa comunidade. É preciso que todos estejam de mãos dadas, com um só objetivo – UNIÃO- pois sem ele vamos perdendo nossa identidade que é muito importante.
Assim, apresento um início de atitude que pode ajudar. Primeiro: onde começa e onde termina a zona urbana da nossa cidade? Obviamente começa na rotatória que divide Jardim Brasil, Jardim das Américas, Bento Quirino e Distrito Industrial  e termina, no fim da rua Garcia Duarte, na saída para Santa Rosa de Viterbo. Essa é uma pequena lembrança que faço a todos os simonenses mas, não podemos esquecer, que é a soma das pequenas coisas que fazem a grande diferença.
Portanto, que tal se tirarmos a estátua de São Simão e as palavras SÃO SIMÃO da rotatória que encontra-se no final da Av. Dr. Marino e colocá-la no seu lugar de direito, ou seja, no início do perímetro urbano que é na primeira rotatória que está na SP 253, na Av. Nicarágua?
Afinal, onde fica São Simão?
Em tempo: a rivalidade já não existe mais.
                                                                                                Samir Geraigire.




           
          

ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL

                     
           Há algum tempo atrás tínhamos em São Simão um programa educacional municipal chamado Recriança que atendia a aproximadamente 400 crianças.
           Elas entravam às 7 horas e saíam às 17 horas.
           Esse programa existia porque tínhamos um convênio, renovado anualmente, com o Ministério da Previdência Social em Brasília. A época era de escassez de recursos e o município não tinha condições de bancá-lo. Se não houvesse esse convênio, o programa acabaria. Renová-lo dava um enorme trabalho com a composição de documentos, relatórios e um sem fim de exigências, mas ele era renovado todos os anos.          
           Infelizmente o Recriança não existe mais, assim como não existe mais a Banda Municipal Ovídio Cicciarelli que começamos junto com a Banda de Santa Rosa de Viterbo cidade onde, atualmente, existem quatro bandas, oito conjuntos instrumentais e duas bandas marciais, atendendo a 300 jovens que estão aprimorando sua cultura e saber.
O programa era tão importante e interessante que o representante de Santa Rosa do Viterbo, nossa vizinha esteve aqui, quando da implantação do Recriança em São Simão, para conhecer o funcionamento e implantá-lo naquela cidade. Em Santa Rosa o programa existe até hoje e atende, atualmente, 1.500 crianças.
           Isso era o que atualmente se chama de Escola de Tempo Integral mas, em versão melhorada. Digo isso porque no Recriança, a criança chegava cedo, tomava um substancial café da manhã e iniciava suas atividades – educação com escola regular, saúde completa com médico, dentista, oftalmologista, otorrinolaringologista, esportes, cultura e lazer; enfim atendimento completo para seu desenvolvimento físico, social e intelectual. As crianças almoçavam, lanchavam e após jantarem, iam para suas casas.
           Não existia um local totalmente adequado para o desenvolvimento do projeto mas aproveitávamos o que tínhamos – usávamos o prédio do Cerim, o Bosque Municipal, o Poliesportivo, o Ginásio de Esportes, enfim, todo o equipamento público à disposição para o que se fazia necessário.
           Os tempos mudaram e com ele as demandas.
           No mundo globalizado de hoje as transformações são muito rápidas - chegamos a perceber mudanças profundas no transcorrer de um semestre- e nós temos que ir adaptando nossas atividades para que a população esteja preparada para enfrentá-las.  É bem verdade que as facilidades também cresceram muito graças à tecnologia mas, se pensarmos com a mente voltada para o futuro, será preciso ter local adequado e completo para termos um Recriança renovado ou, como querem hoje, uma Escola de Tempo Integral. Gostaria de lembrar, após essas considerações, que dentro desse contexto o que mudou foi apenas o nome: antes Recriança e agora Escola de Tempo Integral.
           Local adequado com todos os equipamentos indispensáveis para a implantação desse projeto é, sem dúvida, a maior necessidade, necessidade essa que poderia ser resolvida com a aplicação de recursos do FUNDEB, que na época do Recriança não existia, e que hoje repassa o valor aproximado de R$ 3.600,00 por criança, por ano. Essa verba seria suficiente para que o município, paulatinamente, transformasse todo o Ensino Fundamental do município em Escola de Tempo Integral, antecipando o objetivo do Governo Federal que prevê essa transformação até o ano 2020.
           Para enriquecer a grade curricular, seria possível incluir aulas de inglês e espanhol, lembrando que para crianças aprender outro idioma é muito fácil. Com isso, em pouco tempo, teríamos um grande número de poliglotas em São Simão e as oportunidades se ampliariam para nossos jovens.
           Além desses benefícios às crianças, os pais também seriam contemplados com o retorno do Recriança ,pois as crianças estariam seguras, com atenção total ao seu desenvolvimento e eles, os pais, com autonomia para trabalhar e aumentar a renda familiar, melhorando as condições de vida pra a família.
           Enfim, para se alcançar um objetivo é preciso que o tenhamos. O futuro aí está e é necessário que se olhe firme para o horizonte, para nossa terra. É preciso fazer história mas de preferência antes que outros a façam e nós tenhamos que continuar a ser sempre os últimos, o que nos coloca em posição de inferioridade.
           Acredito que, parafraseando Geraldo Vandré... “quem sabe faz à hora, não espera acontecer.” É preciso lutar e é urgente começar
                         SAMIR GERAIGIRE





                                                                     

AS DEBUTANTES



AS DEBUTANTES

Clube Recreativo ( hoje não existe mais ) promovia uma vez por ano o Baile das Debutantes. Era a apresentação formal, à sociedade, das lindas meninas para seu primeiro baile. Elas tinham em torno de 16 anos.
           Já com alguns meses de antecedência, a cidade ficava na expectativa – quem seriam elas, como seriam seus vestidos, como seria o baile, com qual orquestra, qual a costureira estaria fazendo o vestido de quem?
           A confecção dos vestidos era uma obra de arte a cargo de oficinas de costura comandadas por  Isaura Pereira, que costurava para noivas e debutantes; Zilda Pereira Portugal, costureira e bordadeira, Filhinha Carlomagno, costureira; Alcides Carlomagno, bordadeira e Arlinda Pereira Carlomagno, costureira.  Essas três últimas trabalhavam juntas. Os vestidos eram sempre muito lindos e com caimento perfeito.
           Enfim chegava o grande dia. Os rapazes vestiam seus melhores ternos, perfumavam-se com esmero e penteavam seus cabelos de acordo com a moda. Os sapatos eram  engraxados com capricho. E lá iam todos.
           O Clube decorado, iluminado e totalmente lotado. As moças vinham acompanhadas pelos pais e irmãos. Todas tinham mesas reservadas e o baile começava.
           Por volta da meia noite as debutantes eram apresentadas à sociedade, uma a uma, sempre por um artista famoso da televisão. Geralmente a primeira valsa era dançada com os pais e nós, jovens mortais, ficávamos olhando para depois cada um, descompromissado, ir até as mesas e pedir licença para os pais para tirar a menina para dançar. Vi muitos namoros iniciados nesses bailes de debutantes transformarem-se em casamentos.
           O baile tinha um belo bar que era tocado pelo Augustinho Limberti que preparava um sanduiche de pão de forma sem casca com presunto e queijo que é inesquecível. Naquela época dificilmente bebia-se cerveja. Dava-se preferência por Cuba-libre, Gin Tônica, Whiskie ou Martini.
           As debutantes vestiam-se de branco e o salão ficava totalmente colorido. Certamente muitas famílias possuem fotos daqueles bailes. Quem as possui devem enviá-las ao jornal para perpetuar essa memória. São fotos que atualmente não existem mais,mas que fazem parte de nossa história, principalmente, da história de vida de muita gente.
           Dizem que recordar é viver mas, mais do que isso, é mostrar o que fomos e como era nossa vida porque, sem passado não há presente e muito menos projeção para o futuro. É com a soma de tudo o que fazemos ou vivemos que vamos criando nossa cultura. Sempre seremos fruto daquilo que foi vivido no passado.  Um bom passado é um feliz presente e sem medo do futuro.
           E por falar em passado, há dias atrás tive a grata e emocionante satisfação de receber de meu querido amigo e professor Manoel Pacheco Jr., que atualmente reside em Campo Grande, o livro de sua autoria denominado Moleque.
           A leitura provocou em mim momentos saudosos e grandes gargalhadas, pois também tive um Chico Mandioca como vizinho, entre outras coisas iguais.
           Na verdade, só um gênio como meu professor seria capaz de fazer, nos seus 80 anos de vida, revolver dentro de si o menino Mané.
  SAMIR GERAIGIRE

RUA DEODORO DA FONSECA

Durante muitos anos morei na rua Deodoro da Fonseca, aliás, nasci lá.
           Lembro sempre com muita saudade dos meus tempos de criança, quando aquela rua era pura alegria.
           À tarde, após o jantar ( naquele tempo jantava-se, hoje comemos lanche), saíamos para brincar. Quase todas as casas da rua eram residências, havia poucos prédios comerciais e, mesmo assim, a parte comercial sempre ficava na frente da residência do comerciante.
           Enquanto nós, crianças, brincávamos na rua, nossos pais colocavam cadeiras  na calçada e ficavam trocando conversas. Havia grande interação entre as famílias, pessoas deste lado da rua iam para o outro lado conversar com outras famílias e vice-versa. Assim colocavam os assuntos em dia. Era extraordinariamente linda a convivência entre as famílias.
           Lembro muito bem de famílias numerosas, principalmente na época de férias quando os filhos e netos vinham visitar e ficava um monte de cadeiras com gente sentada em frente das casas.
           Como se fosse uma fotografia, ainda lembro das famílias próximas de minha casa: Jacinto Carvalho, tias Biju e Ceci, Irineu Quartarola, Carlos Zanato e família que, carinhosamente, eram chamado de “os Carletos” porque sempre foram numerosos, Dante Maturano, Miguel Bartilotti, Lolo Menegário, família Mirra e, na outra calçada, Hildo Benedito Machado, depois o Dinho, Antonio Ribeiro de Padua, Augusto Ravanelli,  Carlito Ferreira, José Machado,  Filinto Fernandes, Chafi Jorge, Jacomo Copelli, Romeu Massaro, e claro, todos com suas esposas e filhos. Hoje, mantém a tradição apenas dona Tereza Ferreira e a família Carleto( Zilda, Zélia e Tereza); passe por lá à noitinha e observe. Conservam a beleza daqueles lindos tempos que eram chamados de Anos Dourados.
           Talvez  tenha sido essa ( daí o nome Anos Dourados ) a melhor época do Brasil quando houve  o surgimento de grandes poetas, cantores, grandes bailes e festas. Era a época das serenatas, nas quais todos os apaixonados tinham como pretexto ver sua amada na janela nas madrugadas quentes de São Simão.
           Há muito mais coisas que gostaria de dizer mas, ainda que se fizesse dez edições exclusivas do Jornal Ecoss eu conseguiria. Por isso, escrevo apenas brevemente essa lembrança como uma reverência à história da rua Deodoro da Fonseca e às famílias que lá residiam e às que, ainda hoje, residem.
              SAMIR GERAIGIRE


QUEM SOMOS NÓS?

É comum ouvir a seguinte expressão nas ruas: “Está cheio de gente de fora em São Simão.”
           Na maioria das vezes essa afirmação é feita por pessoas com mais de 40 anos. Será preconceito ou falta de conhecimento da real situação?
 Já vi pessoas citarem grupos de jovens que passeiam, como se fossem pessoas de fora quando, na realidade, são nossos meninos e meninas que cresceram e não percebemos, uma vez que não freqüentamos os mesmos lugares que nossas crianças.
           Em contrapartida, nunca ouvi ninguém reclamar que nossos jovens estão indo para outras cidades. Vão em busca de melhores condições de vida – trabalho, estudos, etc. Mas, em algumas cidades como Ribeirão Preto, Santos, Barretos, São Carlos e muitas outras já  ouvi  moradores se referirem, com satisfação, ao crescente número de pessoas de fora chegando, comprando propriedades, ativando o comércio, aumentando a arrecadação municipal e provocando um surto de desenvolvimento local. É bom para todos.
E quem somos nós, os simonenses. Somos filhos de imigrantes italianos, portugueses, árabes, espanhóis e de brasileiros mas quase todos vindos de Minas Gerais – afinal, tudo começou com Simão da Silva Teixeira, homem de uma família de desbravadores e cujo irmão foi o doador das terras onde hoje se situa a cidade de Caconde.
Então, sejam bem vindas as pessoas de outros lugares que se transferem para São Simão e, felizmente, tem vindo muita gente, basta ver o último censo. Bom seria se viesse muito mais. Aliás, tem muitas pessoas que chegaram há pouco tempo e estão ajudando no nosso desenvolvimento. Chego a pensar, com temor que, se não viesse ninguém, talvez nossa cidade estivesse dividida geograficamente e fazendo parte de municípios vizinhos.
A história de uma nação, de um estado ou de uma cidade, não é contada pelos anos, mas sim pelos ciclos que ela passa por isso, se cuidarmos bem de nossas crianças – todas são iguais – formaremos grandes cidadãos para o futuro. Elas podem não ter nascido aqui mas, junto com elas, construiremos nosso futuro.
Existe um fato, extremamente esclarecedor, que me foi contado pelo Gerson Zufelatto na Praça Bernardes: um determinado dia, na década de 40 do século passado, um viajante chegou em São Simão - naquela época se chegava pela Estrada de Ferro Mogiana – procurando alguém.  Não sabia o nome, mas era um artesão que produzia ferraduras e outros objetos para cavalos. Ninguém sabia de quem se tratava até que alguém, que estava presente, assim se pronunciou: “ Ah! Lá perto da Igreja de São Sebastião tem um brasileiro que faz essas coisas, talvez seja ele.”
Vejam bem. Por essa observação podemos perguntar: “Quem éramos nós, os simonenses, para quem um brasileiro era minoria?
E quem era a maioria dos simonenses?  Sem dúvida alguma, os imigrantes e seus filhos.
Então, que sejam bem vindos todos aqueles que quiserem se estabelecer em São Simão e aqui viver e criar seus filhos, pois eles são hoje para a cidade,  o que nós fomos ontem.
            SAMIR GERAIGIRE       

sábado, 20 de agosto de 2011

ERA UMA VEZ...



  Há muitos e muitos anos atrás um jovem imigrante de apenas 13 anos vivia em São Paulo.

Morava na Rua Florêncio de Abreu, região central da cidade e tinha uma pequena loja. De vez em quando, viajava para o sul de Minas Gerais mascateando.

Depois de algum tempo ele resolveu montar uma loja na cidade de Guaxupé em Minas Gerais. Tudo corria bem, mas ele não estava muito satisfeito e dado ao seu gênio ou, quem sabe, ao seu destino, ficava sempre pensando em alguma outra cidade em que poderia se situar melhor.

Naquela época não havia televisão nem rádio pois, a rádio no Brasil começou em 1920 e a TV em 1950, portanto, a comunicação era quase que totalmente verbal.  Para se ter uma idéia, um pouco antes, em 1889, data de proclamação da República, o Nordeste só ficou sabendo que tinham destronado D.Pedro II após seis meses. Hoje, se um ônibus bate na China ficamos sabendo instantaneamente, pois alguém fotografa com um celular e coloca na Internet.

Mas, voltando ao imigrante, vez ou outra ele ouvia falar de uma cidade a mais ou menos 50 léguas de distância (légua era uma medida muito utilizada na época e corresponde a 4 quilômetros). Essa cidade localizada em um vale e com um comércio muito forte, era chamada de “Buraco do Ouro” pelos viajantes.

Um belo dia esse imigrante resolveu andar as 50 léguas para conhecer o “Buraco do Ouro”. Tão logo chegou, ficou encantando com o lugar e decidiu transferir suas atividades de Guaxupé para a cidade do vale.

Para se ter uma idéia, após hospedar-se num dos hotéis da cidade – havia vários – saiu à noite para jantar. Foi em três restaurantes, todos estavam lotados, o quarto restaurante foi o que mais o agradou e, apesar de também estar lotado, permaneceu na sala de entrada aguardando vagar uma mesa.

Nesse momento, um senhor que jantava sozinho, vendo aquele jovem esperando, mandou que o garçom o convidasse para jantar em sua mesa. Ele aceitou e fez aí o seu primeiro amigo.  Ele e a família moraram em São Simão por cerca de 60 anos.

A cidade em questão era uma das maiores produtoras de café da região e, talvez do mundo havendo, inclusive, estrada de ferro que passava nas fazendas para pegar as sacas de café colhidas. A Estação Ferroviária localizava-se onde atualmente funciona a Santa Casa de Misericórdia. 

Extremamente progressista e com muita atividade, toda a região se servia do comércio e dos serviços dessa cidade.
Diz-se que no século XIX, D.Pedro II e sua esposa Dona Tereza Cristina Maria de Bourbon, desembarcaram  na Estação Ferroviária e caminharam por onde hoje é a Rua Expedicionários para conhecer um pouco da cidade. ( Fonte: Wikipedia).        

Dizia-se na época que no município viviam aproximadamente 30.000 pessoas ( não se pode afirmar com certeza ), todavia era uma cidade importante e forte para a época. Isso era no início do século XX.

Era uma vez... era São Simão.
                                        ( Samir Geraigire )


O LIXO, A DENGUE, A EDUCAÇÃO

           O lixo sempre existiu e sempre existirá mas, com o passar dos tempos, ele vem provocando, mais pela necessidade do que pela consciência, um maior cuidado com seu destino. Antigamente era simplesmente jogado nos quintais, depois, nos lixões. Hoje tornou-se um grande problema necessitando uma solução definitiva urgentemente, sob pena de sermos todos tragados pelas doenças que nele proliferam.
           O Brasil vem se destacando pela reciclagem do chamado “lixo mais nobre”: papel, plástico, vidro, metal, etc. Porém, o que fazer com o resto?
           A solução, como sempre, depende de todos nós. Se adotássemos o sistema de coleta seletiva de lixo o que, repito mais uma vez, depende de todos nós, principalmente de nossa educação, além de transformá-lo em outros produtos a serem utilizados, teríamos uma enorme quantidade de adubo orgânico, cuja matéria prima – o lixo úmido- seria fornecida de graça. Outro benefício que teríamos, talvez o mais importante, seria a erradicação da dengue e de outras doenças, eliminando  enorme número de pessoas doentes que lotam os postos de saúde gerando gastos com médicos, hospitais e medicamentos e, principalmente,  sofrendo.
           Todos os anos, após o inverno, é preciso que o poder público realize uma enorme faxina em todo perímetro urbano e nos quintais de nossas casas. Fazer essa faxina depois desse período é correr atrás do prejuízo, ou seja, tem que ser feita antes que a dengue se espalhe. A cada ano que passa o problema vai se agravando e provocando gastos muito maiores do que se fizéssemos a coleta seletiva do lixo.
           O que não se pode mais admitir é não limparmos a nossa própria casa. Isso inclui o Poder Público que tem por obrigação realizar sua parte na limpeza das coisas públicas. O lixo acumulado quer seja em nossas casas, quer seja em locais públicos, transforma-se em criadouros do Aedes Aegypti, o mosquito transmissor da dengue.
           O próprio governo, ao doar caminhões para a coleta de lixo, o faz de maneira a provocar a existência dos lixões, uma vez que os caminhões possuem um sistema de prensa que vai amassando e misturando tudo, produzindo o famoso lixão. Ao invés desse sistema de prensa, deveriam ser produzidos caminhões com várias repartições onde cada tipo de lixo – previamente separado nos domicílios – seria colocado. Dessa forma se eliminariam os  lixões uma vez que todo o lixo poderia ser reciclado.
           Certa ocasião, estando em viagem ao exterior, fiquei admirado em observar ruas totalmente limpas, não havia uma bituca de cigarro sequer. Então perguntei a um cidadão como era realizado o serviço de limpeza para que as ruas ficassem totalmente limpas. Ele, com uma expressão de espanto, como se não entendesse a pergunta, questionou o quê significava minha pergunta. Quando esclareci de forma mais didática ele  me respondeu: “não chove lixo na rua, portanto, não é preciso limpá-la, ela está sempre limpa”. Foi então que eu pude perceber o quanto nós estamos atrasados, pois ele não respondeu que “antigamente precisava limpar, depois que nos educamos não é mais preciso”, quer dizer, já é assim há muitos e muitos anos, a educação já vinha de longe...
Então, ou fazemos o que prega o educador e senador Cristovam Buarque: investir na educação como prioridade absoluta,  ou vamos arcar com as conseqüências como diz o velho ditado: quando a cabeça não pensa, o corpo padece!

                                                                                     SAMIR GERAIGIRE

          

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

TURISMO,TURISMO,TURISMO


           Desde pequeno a coisa que mais ouço dizer sobre São Simão é que nossa cidade deve ter todo seu enfoque administrativo voltado ao turismo, ou seja,  a cidade só é viável se for voltada ao turismo.
           Já ouvi as mais descabidas teorias e sugestões, como também as mais sensatas, o que demonstra que ainda, apesar de tanto tempo, não há idéia coletiva sobre o fato.
           Para muitos, turismo é um ônibus chegando, um monte de pessoas saindo pelas ruas tirando fotos e depois seguindo seu caminho.
           Para outros, aqui não deveria haver indústrias (nós as trouxemos e acho que agimos corretamente) e sim só turismo, como se uma coisa inviabilizasse a outra.
           Mas afinal, o que é turismo?
           Turismo é, nada mais nada menos, do que aproveitar o que de melhor existe na cidade, valorizando principalmente o que é oferecido pela natureza. Além disso, é dotar o município de equipamentos públicos e privados que tenham a capacidade de atrair pessoas de fora ( turistas ) para gastarem dinheiro aqui: colocar gasolina em nossos postos, hospedarem-se em nosso hotel, se alimentarem em nossos restaurantes, bares, lanchonetes e carrinhos de lanches, comprarem em nossas lojas, mercados, encantarem-se com nossa deliciosa geléia, conhecidíssima por sua qualidade e sabor, enfim, gastarem aqui.
           Isso é turismo, mas somente será possível se tivermos com o quê atrair as pessoas e essas atrações devem ser permanentemente atualizadas.
           Há centenas de formas para atrair turistas. Há o turismo educacional, o científico, o gastronômico, o político, o de lazer, o comercial, o industrial, o automotivo, o aquático, o equestre, o social, o de negócios, o arqueológico, esportivo, enfim, são centenas e todos devem ser promovidos.
           Todos os lugares tidos como turísticos têm uma forte atração natural e, paralelamente, vão se criando outras formas como, por exemplo, complexos temáticos.
           Os municípios costeiros têm o mar como atrativo, outros têm cavernas, cachoeiras, morros, enfim, é em cima de alguma coisa que o turismo vai se expandindo.
           E nós, o que temos ou podemos fazer?
           Quando prefeito, estabelecemos um projeto que foi politicamente inviabilizado - o que significa que deve ser reeditado. Tratava-se do seguinte: estabelecemos um convênio com a FEPASA (sem custos para a Prefeitura) e aos finais de semana partia pela manhã, de Ribeirão Preto até São Simão um trem trazendo centenas de crianças para visitarem nosso Bosque. Elas adoravam esse passeio. Em seguida, sensibilizamos um empresário de grande poder financeiro para investir em nosso Bosque. Ele estava disposto, naquela época ( gestão 1993 a 1996),  a aplicar  R$ 3.000.000,00 no projeto.
           Para adequar o Bosque, ele faria uma remodelagem completa no lago para a cada dia ter uma atração diferente: um dia para jet ski, outro para barquinhos, pedalinhos e tudo o mais que lá fosse possível, instalando inclusive um parque aquático com um grande toboágua. Instalaria um belo restaurante, remodelaria o paisagismo do Bosque, enfim, deixaria o local um presépio. O projeto era magnífico mas, infelizmente, como citei  anteriormente, não foi possível. A idéia era trazer as crianças para que elas, encantadas com a beleza do lugar, trouxessem seus pais. A divulgação seria feita através de propaganda na mídia. São Simão seria referência turística na região.
           O que nos competia fazer, fizemos.
 Idealizamos o calçadão na Praça da República que seria ( acreditamos que um dia ainda será) o ponto noturno de São Simão onde os prédios que a margeiam seriam transformados em restaurantes, bares, cafés, etc.Então, de dia teríamos o Bosque e à noite a Praça da República como pontos turísticos.      
           O passo seguinte seria verificar a possibilidade de alguma empresa construir um teleférico que sairia da lateral da Praça chegando até o Morro do Cruzeiro ( já tínhamos contato com uma empresa austríaca que tem vários teleféricos espalhados pelo mundo e que viria a São Simão para conhecer o projeto). Mais uma vez  foi inviabilizado – seria preciso uma Lei para autorizar o empreendimento.
           Na verdade, toda a proposta de empreendimento analisa a relação custo-benefício, por isso, quanto mais gente vier para São Simão mais fáceis as coisas vão ficando para serem executadas.
           Para nossa grata satisfação sabemos que existe um grupo de abnegados simonenses tentando viabilizar o teleférico e estamos torcendo com todo coração para que consigam. Se pudéssemos,   ajudaríamos  a concretizar esse projeto.
           Devemos nos  reportar ao fato de que tínhamos alguns mecanismos de turismo cultural  que, periodicamente, traziam grande número de pessoas para São Simão: o FESICA – Festival Simonense da Canção que acolheu nomes que atualmente são famosos na música popular como Kiko Zambianchi, Tato Fischer, Lô Borges entre outros, trazíamos no mês de julho aproximadamente 1.200 jovens de fora e que aqui permaneciam durante todo o tempo do Festival ( evidentemente gastando aqui). Tínhamos também a Semana Cultural Marcelo Grassmann e logo em seguida a EXPASI –Exposição de Arte Simonense com a participação de grandes nomes do teatro, dança e artes plásticas.   A Semana Cultural Marcelo Grassmann ainda consta do calendário de eventos de São Simão.
           Esses turistas que vinham participar e prestigiar o FESICA, a Semana Cultural Marcelo Grassmann e a EXPASI faziam girar muito dinheiro no comércio local. Se alguém quiser tirar suas dúvidas quanto a isso, é só perguntar ao Roberto da Eron Pizzaria como era o faturamento nessas ocasiões, uma vez que essas pessoas jantavam lá.
           Tínhamos ainda,  a Banda Municipal Ovídio Cicciarelli e o Clube da Flautinha, que tocavam nas praças e atraiam  pessoas de municípios vizinhos ( perguntem aos donos dos carrinhos de lanches o quanto vendiam nessas ocasiões). Ainda na área da música, o Coral Municipal de São Simão brilhava nos palcos onde se apresentava.
           No bairro de Bento Quirino realizávamos o Rodeio que chegou a atrair 6.000 pessoas daqui e de fora ( perguntem aos donos de mercados o que isso provocava nas vendas durante o período); exemplo de turismo rural.
Ainda nessa área, não podemos esquecer as cavalgadas pelas trilhas das fazendas que realizávamos em São Simão e que atraiam pessoas de toda a região.
           No turismo esportivo, tínhamos a São Silvestre no final do ano,  para a qual vinham corredores de toda a região e muitos permaneciam alguns dias em São Simão. A Maria Severina, que ganhou a São Silvestre de São Paulo, começou aqui na nossa São Silvestre.
           No Poliesportivo Mauro Furlan, realizávamos torneios hípicos que atraiam muitos competidores e nos quais tivemos a prazer de receber o  campeão mundial de hipismo Serguei Fofavnov, o Guega entre outros igualmente famosos. Os fãs do hipismo chegavam em grande número para prestigiar os torneios.
           No Ginásio de Esportes Amadeu Geraigire , o São Simão Patins Clube  atraia um grande número de turistas quando  apresentava seus   magníficos espetáculos de patinação artística.
           Tínhamos encontros regionais em parceria com o Governo do Estado e promovíamos congressos  em diversas áreas: turismo, conservação de estradas rurais, projeto solo-cimento, que propiciavam a vinda de prefeitos, engenheiros, empresas de toda a região e também do Brasil (turismo de negócios).
           No turismo de lazer a Festa do Vinho, realizada por um grupo de simonenses empreendedores,  movimentava toda a região  com suas atrações gastronômicas e artísticas.
           Com referência às indústrias que se instalaram no Parque Industrial, viabilizado na gestão do  o Prefeito  Pe. Plinio Toldo, que tinha como vice-prefeito Oswaldo Rodrigues, também  fizemos nossa parte como Presidente da Câmara Municipal.  A bem da verdade, é necessário dizer que conseguimos as terras para a implantação do Distrito Industrial graças a um extraordinário mineiro que por aqui passou, Dr. Ary Rosa, que era amigo pessoal e compadre do Ministro da Agricultura Allyson Paulinelli. O Dr. Ary Rosa  foi chefe da Casa da Lavoura de São Simão por muitos anos. Esse amigo do Prefeito Pe. Plinio, do seu vice Oswaldo e meu, Samir,  Presidente da Câmara, foi o responsável pela doação das terras onde estão instalados o Distrito Industrial, o Jardim das Américas e o Jardim Brasil.
Com o Parque Industrial pronto, tive  a oportunidade de trazer todas as indústrias que lá se instalaram.
           Essas indústrias, além de oferecerem empregos aos simonenses, geram impostos e ainda ajudam ao turismo industrial, pois existe um grande número de pessoas e empresas que vêm para cá prestar serviços no Parque Industrial e permanecem no hotel, alimentam-se nos restaurantes e divertem-se nos barzinhos que oferecem atrações aos seus clientes.
           Quando asfaltamos a Estrada do Tamanduá, também demos estrutura para sua expansão turística.
           Ao asfaltarmos a Estrada do Cruzeiro, que na época das chuvas ficava intransitável, valorizamos não só o turismo religioso e de lazer no Morro do Cruzeiro mas também, e principalmente, o condomínio 7º Céu e as fazendas localizadas na região. Para tirar qualquer dúvida quanto à importância dessa obra, perguntem aos proprietários a diferença de antes e de depois do asfalto.
           Asfaltamos também a vicinal São Simão-Serra Azul, dando condições às pessoas de Serra Azul, Serrana e Cajuru para virem a São Simão participar dos eventos e, inclusive, trabalharem aqui, o que antes não acontecia. Além disso, valorizamos também, as propriedades que margeiam essa vicinal.
           Quanto ao Museu Histórico, criamos um local adequado para o registro de nossa história incluindo a pré-história de nossa região. Não podemos esquecer que a USP – Universidade de São Paulo, estabeleceu aqui um campo de pesquisas permanente , com a presença constante de arqueólogos e alunos realizando escavações. Esse sítio arqueológico é tão importante que um dos arqueólogos mais famosos do mundo, o  francês Jacques Tixier esteve trabalhando uma temporada e nos brindou, no Teatro Carlos Gomes, com uma magnífica palestra sobre a pré-história de São Simão. Essa palestra trouxe a São Simão muitos estudiosos do assunto evidenciando assim o potencial para o turismo cultural na área da arqueologia.
           Com relação a moradias, quando construímos os conjuntos habitacionais Jardim São Luiz, Rubens Guedes, Jardim dos Imigrantes, Jardim Brasil e Jardim Evangelina, eliminamos as favelas e cortiços de São Simão. É preciso lembrar que existia favela até dentro do Cemitério. Essas obras foram fruto de um objetivo que alcançamos e que era tornar  São Simão livre de favelas.Com a concretização desse objetivo,  o próprio Governo do Estado declarou ser São Simão o único município do Estado completamente livre de favelas. Infelizmente esse título não pode mais ser ostentado nos dias de hoje.
           Outro evento que realizamos em São Simão foi o Primeiro Encontro de Carros Antigos, com a preciosa colaboração do colecionador e amigo Dr. Paulo Américo de Paula Ribeiro. Esse encontro foi marcado pela presença de muitas pessoas que aqui vieram para mostrar seus veículos ou para apreciar o evento; também foi um encontro que trouxe grande número de turistas para São Simão.
           Outros acontecimentos também propiciaram o turismo em nossa cidade, por exemplo: Balonismo, voo em Asa Delta, competições de Mountain Bike, apresentação da Esquadrilha da Fumaça, espetáculos de Vale Tudo no Ginásio de Esportes, entre outros.
           Enfim, era uma série enorme de eventos que poderiam ter continuidade e, com a euforia de consumo que vemos no Brasil de hoje tudo ficaria mais fácil, as receitas do município aumentariam vertiginosamente. Há na atualidade uma grande ascensão de pessoas à classe média produzindo uma onda de consumo jamais vista e, o turismo, é o grande beneficiário desse fenômeno.
           Exemplificando, observamos o turismo como uma escada que se eleva conforme galgamos os degraus e, portanto, não se pode parar no primeiro degrau. Não podemos perder nenhuma oportunidade  pois, onde há demanda, há desenvolvimento. Observem o grande número de lojas que estão se instalando em São Simão. Esse comércio precisa cada vez mais de pessoas para consumir e o turismo proporciona a vinda desses consumidores. Tanto isso é verdade que estamos observando o esforço de um grupo de artesãos simonenses em montar uma cooperativa , a Coopidéias, para com seu trabalho, implementar o turismo em São Simão. Essa é uma iniciativa louvável e que está partindo da própria sociedade, como um ato de autonomia e de responsabilidade para com sua cidade.
           Sem dúvida caminhamos para o crescimento do turismo e é necessário que se faça uma profunda avaliação em todos os setores de São Simão e traçar um projeto para cada um deles. Isso deve ser feito através de audiência pública ( participação popular ) para o perfeito engajamento de toda a população pois, só assim, acreditamos, haverá sequência nos projetos e implantaremos o tão decantado e desejado  turismo em São Simão.
           Há de se esclarecer que turismo não é uma obra com começo, meio e fim a exemplo de uma creche ou um posto de saúde que, depois de prontos começam a funcionar. Turismo, na verdade, é um processo que não acaba nunca e, por isso, todos devem ter a consciência de que ele exige eterna vigilância.
O processo não pode parar, sempre haverá uma sequência, uma atualização, independente de quem seja o prefeito ou o partido político que esteja no poder, uma vez que é uma obra do município. Se iniciarmos esse processo agora, todos os futuros prefeitos e vereadores pelos próximos vinte ou trinta anos pelo menos, terão de ter esse ideal, caso contrário, continuaremos a ser uma escada de um só degrau.
Depende de todos nós desenvolver o turismo em São Simão.
                                                                                         SAMIR GERAIGIRE

AFINAL - O QUE QUEREMOS?



Há alguns anos presenciei um extraordinário exemplo de consciência e cidadania. Uma senhora já idosa, estava no quintal de sua casa com uma pequena enxada nas mãos, plantando uma jabuticabeira. Presenciava o fato os filhos todos adultos, casados com filhos e netos. Eis que um deles, sorrindo, perguntou para a mãe se ela esperava chupar jabuticabas daquele pé, uma vez que essas árvores só começam a frutificar após dez anos de plantadas.
- Não, respondeu ela. Nasci, cresci e, quando chupei as primeiras jabuticabas de minha vida, eram de um pé que alguém plantou para mim. Por isso, estou plantando essa jabuticabeira para que alguém, no futuro, possa desfrutá-la.
Esse foi um dos muitos exemplos de vida deixados por Da. Leonor Ranzani de Paula Ribeiro.
Afinal, o que queremos: seguir esses exemplos ou viver apenas o hoje, deixando para as futuras gerações, filhos e netos, um mundo bem pior do que aquele que achamos?
Hoje, lamentavelmente, vemos todos os dias os pais não se preocuparem com os filhos; não participarem de reuniões de pais e mestres nas escolas, como se os professores sozinhos fossem os responsáveis pela educação de seus filhos.
Não se preocupam com nossa cidade, como se fossemos apenas observadores do município e não parte dele.
Não cumprem com as obrigações como munícipes e nem exigem que seus mandatários cumpram com as propostas oferecidas por ocasião das eleições.
Afinal, o que queremos?  Deixar como está para ver como é que fica ou assumir  plena condição de cidadania uma vez que nossa casa, nossa cidade, nosso país é, nada mais, nada menos, que aquilo que queremos.
Afinal, o que queremos? Ser um povo altivo, consciente que cumpre com seus deveres e exige seus direitos, ou nos contentarmos em receber migalhas do muito que produzimos? Continuar achando que os governos são “bonzinhos” quando realizam algo para o povo esquecendo que já pagamos, e muito, por tudo o que é feito?
Pesquisas comprovam que 60 dias após as eleições, 30% do eleitorado não lembra mais em quem votou.
Afinal, o que queremos?
Acompanhar nossos filhos desde pequenos criando uma relação de confiança mútua e orientá-los para que possam crescer e ser homens e mulheres de verdade, ou deixar correr e entregá-los às drogas e à perdição, pois é assustador o número de usuários de drogas que cresce ano após ano.
Em uma reunião acontecida no Teatro Carlos Gomes com Juízes, Promotores, Desembargadores, foi dito por um dos palestrantes que o consumo de drogas em São Simão é tanto que poderia considerar totalmente desproporcional ao número de habitantes; a quantidade consumida em São Simão é, estatisticamente falando, o de uma cidade muito maior.
Afinal, o que queremos?
Assumir a condição de cidadão, na sua maior plenitude, ou deixar estar para ver o que acontece? Garanto que, se escolhermos a última opção, haverá muitas lágrimas por esse caminho.
Apenas como resultado de nossa “bondade” o Brasil tem:
- A telefonia mais cara do mundo,
- A gasolina mais cara do mundo.
- O gás mais caro do mundo.
- Os automóveis mais caros do mundo.
- A maior carga tributária do mundo.
- A energia mais cara do mundo.
- Os juros  mais caros do mundo e,  ainda temos, em contrapartida:
- Um  dos piores  níveis de educação do mundo.
- Um dos  piores níveis  de segurança  do mundo.
- Um dos piores níveis de saúde do mundo.
Aliás, na América Latina, o país que menos cresce é o nosso.
Afinal, o que  queremos nós?
                                                                                     ( Samir Geraigire)