sexta-feira, 19 de agosto de 2011

TURISMO,TURISMO,TURISMO


           Desde pequeno a coisa que mais ouço dizer sobre São Simão é que nossa cidade deve ter todo seu enfoque administrativo voltado ao turismo, ou seja,  a cidade só é viável se for voltada ao turismo.
           Já ouvi as mais descabidas teorias e sugestões, como também as mais sensatas, o que demonstra que ainda, apesar de tanto tempo, não há idéia coletiva sobre o fato.
           Para muitos, turismo é um ônibus chegando, um monte de pessoas saindo pelas ruas tirando fotos e depois seguindo seu caminho.
           Para outros, aqui não deveria haver indústrias (nós as trouxemos e acho que agimos corretamente) e sim só turismo, como se uma coisa inviabilizasse a outra.
           Mas afinal, o que é turismo?
           Turismo é, nada mais nada menos, do que aproveitar o que de melhor existe na cidade, valorizando principalmente o que é oferecido pela natureza. Além disso, é dotar o município de equipamentos públicos e privados que tenham a capacidade de atrair pessoas de fora ( turistas ) para gastarem dinheiro aqui: colocar gasolina em nossos postos, hospedarem-se em nosso hotel, se alimentarem em nossos restaurantes, bares, lanchonetes e carrinhos de lanches, comprarem em nossas lojas, mercados, encantarem-se com nossa deliciosa geléia, conhecidíssima por sua qualidade e sabor, enfim, gastarem aqui.
           Isso é turismo, mas somente será possível se tivermos com o quê atrair as pessoas e essas atrações devem ser permanentemente atualizadas.
           Há centenas de formas para atrair turistas. Há o turismo educacional, o científico, o gastronômico, o político, o de lazer, o comercial, o industrial, o automotivo, o aquático, o equestre, o social, o de negócios, o arqueológico, esportivo, enfim, são centenas e todos devem ser promovidos.
           Todos os lugares tidos como turísticos têm uma forte atração natural e, paralelamente, vão se criando outras formas como, por exemplo, complexos temáticos.
           Os municípios costeiros têm o mar como atrativo, outros têm cavernas, cachoeiras, morros, enfim, é em cima de alguma coisa que o turismo vai se expandindo.
           E nós, o que temos ou podemos fazer?
           Quando prefeito, estabelecemos um projeto que foi politicamente inviabilizado - o que significa que deve ser reeditado. Tratava-se do seguinte: estabelecemos um convênio com a FEPASA (sem custos para a Prefeitura) e aos finais de semana partia pela manhã, de Ribeirão Preto até São Simão um trem trazendo centenas de crianças para visitarem nosso Bosque. Elas adoravam esse passeio. Em seguida, sensibilizamos um empresário de grande poder financeiro para investir em nosso Bosque. Ele estava disposto, naquela época ( gestão 1993 a 1996),  a aplicar  R$ 3.000.000,00 no projeto.
           Para adequar o Bosque, ele faria uma remodelagem completa no lago para a cada dia ter uma atração diferente: um dia para jet ski, outro para barquinhos, pedalinhos e tudo o mais que lá fosse possível, instalando inclusive um parque aquático com um grande toboágua. Instalaria um belo restaurante, remodelaria o paisagismo do Bosque, enfim, deixaria o local um presépio. O projeto era magnífico mas, infelizmente, como citei  anteriormente, não foi possível. A idéia era trazer as crianças para que elas, encantadas com a beleza do lugar, trouxessem seus pais. A divulgação seria feita através de propaganda na mídia. São Simão seria referência turística na região.
           O que nos competia fazer, fizemos.
 Idealizamos o calçadão na Praça da República que seria ( acreditamos que um dia ainda será) o ponto noturno de São Simão onde os prédios que a margeiam seriam transformados em restaurantes, bares, cafés, etc.Então, de dia teríamos o Bosque e à noite a Praça da República como pontos turísticos.      
           O passo seguinte seria verificar a possibilidade de alguma empresa construir um teleférico que sairia da lateral da Praça chegando até o Morro do Cruzeiro ( já tínhamos contato com uma empresa austríaca que tem vários teleféricos espalhados pelo mundo e que viria a São Simão para conhecer o projeto). Mais uma vez  foi inviabilizado – seria preciso uma Lei para autorizar o empreendimento.
           Na verdade, toda a proposta de empreendimento analisa a relação custo-benefício, por isso, quanto mais gente vier para São Simão mais fáceis as coisas vão ficando para serem executadas.
           Para nossa grata satisfação sabemos que existe um grupo de abnegados simonenses tentando viabilizar o teleférico e estamos torcendo com todo coração para que consigam. Se pudéssemos,   ajudaríamos  a concretizar esse projeto.
           Devemos nos  reportar ao fato de que tínhamos alguns mecanismos de turismo cultural  que, periodicamente, traziam grande número de pessoas para São Simão: o FESICA – Festival Simonense da Canção que acolheu nomes que atualmente são famosos na música popular como Kiko Zambianchi, Tato Fischer, Lô Borges entre outros, trazíamos no mês de julho aproximadamente 1.200 jovens de fora e que aqui permaneciam durante todo o tempo do Festival ( evidentemente gastando aqui). Tínhamos também a Semana Cultural Marcelo Grassmann e logo em seguida a EXPASI –Exposição de Arte Simonense com a participação de grandes nomes do teatro, dança e artes plásticas.   A Semana Cultural Marcelo Grassmann ainda consta do calendário de eventos de São Simão.
           Esses turistas que vinham participar e prestigiar o FESICA, a Semana Cultural Marcelo Grassmann e a EXPASI faziam girar muito dinheiro no comércio local. Se alguém quiser tirar suas dúvidas quanto a isso, é só perguntar ao Roberto da Eron Pizzaria como era o faturamento nessas ocasiões, uma vez que essas pessoas jantavam lá.
           Tínhamos ainda,  a Banda Municipal Ovídio Cicciarelli e o Clube da Flautinha, que tocavam nas praças e atraiam  pessoas de municípios vizinhos ( perguntem aos donos dos carrinhos de lanches o quanto vendiam nessas ocasiões). Ainda na área da música, o Coral Municipal de São Simão brilhava nos palcos onde se apresentava.
           No bairro de Bento Quirino realizávamos o Rodeio que chegou a atrair 6.000 pessoas daqui e de fora ( perguntem aos donos de mercados o que isso provocava nas vendas durante o período); exemplo de turismo rural.
Ainda nessa área, não podemos esquecer as cavalgadas pelas trilhas das fazendas que realizávamos em São Simão e que atraiam pessoas de toda a região.
           No turismo esportivo, tínhamos a São Silvestre no final do ano,  para a qual vinham corredores de toda a região e muitos permaneciam alguns dias em São Simão. A Maria Severina, que ganhou a São Silvestre de São Paulo, começou aqui na nossa São Silvestre.
           No Poliesportivo Mauro Furlan, realizávamos torneios hípicos que atraiam muitos competidores e nos quais tivemos a prazer de receber o  campeão mundial de hipismo Serguei Fofavnov, o Guega entre outros igualmente famosos. Os fãs do hipismo chegavam em grande número para prestigiar os torneios.
           No Ginásio de Esportes Amadeu Geraigire , o São Simão Patins Clube  atraia um grande número de turistas quando  apresentava seus   magníficos espetáculos de patinação artística.
           Tínhamos encontros regionais em parceria com o Governo do Estado e promovíamos congressos  em diversas áreas: turismo, conservação de estradas rurais, projeto solo-cimento, que propiciavam a vinda de prefeitos, engenheiros, empresas de toda a região e também do Brasil (turismo de negócios).
           No turismo de lazer a Festa do Vinho, realizada por um grupo de simonenses empreendedores,  movimentava toda a região  com suas atrações gastronômicas e artísticas.
           Com referência às indústrias que se instalaram no Parque Industrial, viabilizado na gestão do  o Prefeito  Pe. Plinio Toldo, que tinha como vice-prefeito Oswaldo Rodrigues, também  fizemos nossa parte como Presidente da Câmara Municipal.  A bem da verdade, é necessário dizer que conseguimos as terras para a implantação do Distrito Industrial graças a um extraordinário mineiro que por aqui passou, Dr. Ary Rosa, que era amigo pessoal e compadre do Ministro da Agricultura Allyson Paulinelli. O Dr. Ary Rosa  foi chefe da Casa da Lavoura de São Simão por muitos anos. Esse amigo do Prefeito Pe. Plinio, do seu vice Oswaldo e meu, Samir,  Presidente da Câmara, foi o responsável pela doação das terras onde estão instalados o Distrito Industrial, o Jardim das Américas e o Jardim Brasil.
Com o Parque Industrial pronto, tive  a oportunidade de trazer todas as indústrias que lá se instalaram.
           Essas indústrias, além de oferecerem empregos aos simonenses, geram impostos e ainda ajudam ao turismo industrial, pois existe um grande número de pessoas e empresas que vêm para cá prestar serviços no Parque Industrial e permanecem no hotel, alimentam-se nos restaurantes e divertem-se nos barzinhos que oferecem atrações aos seus clientes.
           Quando asfaltamos a Estrada do Tamanduá, também demos estrutura para sua expansão turística.
           Ao asfaltarmos a Estrada do Cruzeiro, que na época das chuvas ficava intransitável, valorizamos não só o turismo religioso e de lazer no Morro do Cruzeiro mas também, e principalmente, o condomínio 7º Céu e as fazendas localizadas na região. Para tirar qualquer dúvida quanto à importância dessa obra, perguntem aos proprietários a diferença de antes e de depois do asfalto.
           Asfaltamos também a vicinal São Simão-Serra Azul, dando condições às pessoas de Serra Azul, Serrana e Cajuru para virem a São Simão participar dos eventos e, inclusive, trabalharem aqui, o que antes não acontecia. Além disso, valorizamos também, as propriedades que margeiam essa vicinal.
           Quanto ao Museu Histórico, criamos um local adequado para o registro de nossa história incluindo a pré-história de nossa região. Não podemos esquecer que a USP – Universidade de São Paulo, estabeleceu aqui um campo de pesquisas permanente , com a presença constante de arqueólogos e alunos realizando escavações. Esse sítio arqueológico é tão importante que um dos arqueólogos mais famosos do mundo, o  francês Jacques Tixier esteve trabalhando uma temporada e nos brindou, no Teatro Carlos Gomes, com uma magnífica palestra sobre a pré-história de São Simão. Essa palestra trouxe a São Simão muitos estudiosos do assunto evidenciando assim o potencial para o turismo cultural na área da arqueologia.
           Com relação a moradias, quando construímos os conjuntos habitacionais Jardim São Luiz, Rubens Guedes, Jardim dos Imigrantes, Jardim Brasil e Jardim Evangelina, eliminamos as favelas e cortiços de São Simão. É preciso lembrar que existia favela até dentro do Cemitério. Essas obras foram fruto de um objetivo que alcançamos e que era tornar  São Simão livre de favelas.Com a concretização desse objetivo,  o próprio Governo do Estado declarou ser São Simão o único município do Estado completamente livre de favelas. Infelizmente esse título não pode mais ser ostentado nos dias de hoje.
           Outro evento que realizamos em São Simão foi o Primeiro Encontro de Carros Antigos, com a preciosa colaboração do colecionador e amigo Dr. Paulo Américo de Paula Ribeiro. Esse encontro foi marcado pela presença de muitas pessoas que aqui vieram para mostrar seus veículos ou para apreciar o evento; também foi um encontro que trouxe grande número de turistas para São Simão.
           Outros acontecimentos também propiciaram o turismo em nossa cidade, por exemplo: Balonismo, voo em Asa Delta, competições de Mountain Bike, apresentação da Esquadrilha da Fumaça, espetáculos de Vale Tudo no Ginásio de Esportes, entre outros.
           Enfim, era uma série enorme de eventos que poderiam ter continuidade e, com a euforia de consumo que vemos no Brasil de hoje tudo ficaria mais fácil, as receitas do município aumentariam vertiginosamente. Há na atualidade uma grande ascensão de pessoas à classe média produzindo uma onda de consumo jamais vista e, o turismo, é o grande beneficiário desse fenômeno.
           Exemplificando, observamos o turismo como uma escada que se eleva conforme galgamos os degraus e, portanto, não se pode parar no primeiro degrau. Não podemos perder nenhuma oportunidade  pois, onde há demanda, há desenvolvimento. Observem o grande número de lojas que estão se instalando em São Simão. Esse comércio precisa cada vez mais de pessoas para consumir e o turismo proporciona a vinda desses consumidores. Tanto isso é verdade que estamos observando o esforço de um grupo de artesãos simonenses em montar uma cooperativa , a Coopidéias, para com seu trabalho, implementar o turismo em São Simão. Essa é uma iniciativa louvável e que está partindo da própria sociedade, como um ato de autonomia e de responsabilidade para com sua cidade.
           Sem dúvida caminhamos para o crescimento do turismo e é necessário que se faça uma profunda avaliação em todos os setores de São Simão e traçar um projeto para cada um deles. Isso deve ser feito através de audiência pública ( participação popular ) para o perfeito engajamento de toda a população pois, só assim, acreditamos, haverá sequência nos projetos e implantaremos o tão decantado e desejado  turismo em São Simão.
           Há de se esclarecer que turismo não é uma obra com começo, meio e fim a exemplo de uma creche ou um posto de saúde que, depois de prontos começam a funcionar. Turismo, na verdade, é um processo que não acaba nunca e, por isso, todos devem ter a consciência de que ele exige eterna vigilância.
O processo não pode parar, sempre haverá uma sequência, uma atualização, independente de quem seja o prefeito ou o partido político que esteja no poder, uma vez que é uma obra do município. Se iniciarmos esse processo agora, todos os futuros prefeitos e vereadores pelos próximos vinte ou trinta anos pelo menos, terão de ter esse ideal, caso contrário, continuaremos a ser uma escada de um só degrau.
Depende de todos nós desenvolver o turismo em São Simão.
                                                                                         SAMIR GERAIGIRE

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