terça-feira, 23 de agosto de 2011

RUA DEODORO DA FONSECA

Durante muitos anos morei na rua Deodoro da Fonseca, aliás, nasci lá.
           Lembro sempre com muita saudade dos meus tempos de criança, quando aquela rua era pura alegria.
           À tarde, após o jantar ( naquele tempo jantava-se, hoje comemos lanche), saíamos para brincar. Quase todas as casas da rua eram residências, havia poucos prédios comerciais e, mesmo assim, a parte comercial sempre ficava na frente da residência do comerciante.
           Enquanto nós, crianças, brincávamos na rua, nossos pais colocavam cadeiras  na calçada e ficavam trocando conversas. Havia grande interação entre as famílias, pessoas deste lado da rua iam para o outro lado conversar com outras famílias e vice-versa. Assim colocavam os assuntos em dia. Era extraordinariamente linda a convivência entre as famílias.
           Lembro muito bem de famílias numerosas, principalmente na época de férias quando os filhos e netos vinham visitar e ficava um monte de cadeiras com gente sentada em frente das casas.
           Como se fosse uma fotografia, ainda lembro das famílias próximas de minha casa: Jacinto Carvalho, tias Biju e Ceci, Irineu Quartarola, Carlos Zanato e família que, carinhosamente, eram chamado de “os Carletos” porque sempre foram numerosos, Dante Maturano, Miguel Bartilotti, Lolo Menegário, família Mirra e, na outra calçada, Hildo Benedito Machado, depois o Dinho, Antonio Ribeiro de Padua, Augusto Ravanelli,  Carlito Ferreira, José Machado,  Filinto Fernandes, Chafi Jorge, Jacomo Copelli, Romeu Massaro, e claro, todos com suas esposas e filhos. Hoje, mantém a tradição apenas dona Tereza Ferreira e a família Carleto( Zilda, Zélia e Tereza); passe por lá à noitinha e observe. Conservam a beleza daqueles lindos tempos que eram chamados de Anos Dourados.
           Talvez  tenha sido essa ( daí o nome Anos Dourados ) a melhor época do Brasil quando houve  o surgimento de grandes poetas, cantores, grandes bailes e festas. Era a época das serenatas, nas quais todos os apaixonados tinham como pretexto ver sua amada na janela nas madrugadas quentes de São Simão.
           Há muito mais coisas que gostaria de dizer mas, ainda que se fizesse dez edições exclusivas do Jornal Ecoss eu conseguiria. Por isso, escrevo apenas brevemente essa lembrança como uma reverência à história da rua Deodoro da Fonseca e às famílias que lá residiam e às que, ainda hoje, residem.
              SAMIR GERAIGIRE


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